quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

DESDE QUE O MUNDO É MUNDO

Desde que o mundo é mundo
As coisas são desse jeito:

Uns mais ricos
Outros mais pobres
As mulheres direitas
E aquelas que podem

Desde que o mundo é mundo

As coisas não adam direito
O patrão
Repressão!
O empregado
Escravidão!

Desde que o mundo é mundo

Acorda!
Trabalha!
Recebe migalha
"Trabaia nêgo, trabaia!"

Vem da africa
Vai pro tronco
Por que o espanto?

Alguém tem que trabalhar
Alguém tem que se esforçar
Pro patrão poder ganhar

Ela tem quinze anos
Tá prenha
Larga a escola
1,2,3 filhos
Larga com a avó

O primeiro fez 10 anos
Vai pro farol vender chiclete
Cheira cola, troca a bola
Por canivete

Eh pivete!
Vai trabalhar,
E tira olho do meu mp3
Tira o olho do meu celular!

Mas o mundo evoluiu!
O pobre também pode ter
Celular, geladeira, tv
Em 36 vezes nas Casas Bahias
Ih! SPC

Procura emprego
-Vai a pé
Sertanzinho
Capuava
Arranjou!

12 Horas de jornada
Vida escrava

Mas o patrão tem que ganhar
E alguém tem que trabalhar
Desde de qu o mundo é mundo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

DEFINIÇÃO

Eu procuro uma palavra,
Que defina um sentimento,
E que te explique, em um momento,
O que eu sinto por você.

Eu procuro uma palavra,
Que te fala de verdade,
Toda a felicidade,
Que eu sinto ao te ver.

Alguma coisa que te explique,
Tudo o que você mudou,
As feridas que curou,
Nesse coração magoado,
Abandonado pra morrer.

Qualquer coisa que te leve,
Para dentro do meu peito,
Para que sinta, de algum jeito,
O quanto eu estou atado
E amarrado a você.

Mas, por mais intensa
Que seja a minha procura,

Eu sei que na verdade,
Não há palavra alguma
Que defina em suma,
O quanto eu amo você.

TO BE

Eu não tenho que gostar de samba
Só porque sou negro.

Eu não tenho de gostar de bola,
Porque sou brasileiro.

Porque eu nasci
Onde minha mãe me pariu.

Eu sou da onde estou,
Eu sou quem eu sou,
Não me interessa
Como você me definiu.

Eu não tenho signo,
Eu não tenho numero.

Eu sou da cor da minha pele,
Eu sou da minha cor
Nem mais claro
Nem mais escuro.

Sem estereótipos
Sem títulos
Sem rótulos.

Nada além
Nem aquém
Apenas isso
Apenas eu.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

PANE

Às vezes eu queria,
Me sentar nesse chão mesmo,
E esquecer por um momento,

Que existe um mundo,
Que existem pessoas,
E que existem sentimentos.

Eu queria esquecer,
Que existem heróis e vilões,

E que, por mais heróicos que sejamos,
Nunca venceremos
Nossos piores inimigos:
Os nossos próprios corações.

E você, não quer sentar?

sábado, 9 de fevereiro de 2008

PODERIA

Eu poderia fazer
Tudo o que você quiser que eu faça

Eu poderia pensar
Do jeito que você quiser que eu pense

E ser
Da maneira que você quiser que eu seja

Mas aí, eu não seria eu mesmo

E como você poderia dizer
Que me ama de verdade
Se para me amar
Eu teria de me transformar em outro alguém
Abrindo mão da minha individualidade?

Você não consegue entender
Que quem ama
Ama a pessoa por inteiro
Como todas suas qualidades,
Mas também com seus defeitos

Pois amar, é aceitar
Ainda mais, é apreciar quem se ama
Por ele ser justamente como é.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

LEI DA SELVA

Somos todos solitários
No meio dessa solidão
Onde cada um
Tem uma língua diferente.

Somos plano secundário
Para essa nova geração
Onde o produto
Vale mais do que o cliente.

Não é preciso estar morto,
Pra deixar de se viver.

Não é preciso ser magoado,
Pra deixar de se amar.

Não é preciso ir muito longe
Pra derrepente se perder,

Não é preciso correr muito
Pra de repente se cansar.

Eu não preciso ser forte,
Só preciso respirar.

Pois a mera existência
Já é o suficiente
Pra que eu possa procriar.

Mas se eu sou ameaçado
Me torno como um animal,

E, de forme irracional
Destruo o mais forte
Pra garantir o meu lugar.

Todos nós fazemos parte

Da cadeia alimentar.

Marcos Roberto Moreira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

INFINITA ESPERA (DESCASO)

Esse meu sentimento
Me tornou como um menino
Sentado na calçada.

Tendo as lagrimas encobertas
Pela chuva do descaso.
Tendo o corpo gelado
Pelo frio da solidão.

Enquanto espera aflito o dia
Em que você abrirá
As portas do seu coração

E me abrigará em sua vida,
E me aquecerá com seu amor,
E me alimentará com seu amor,
E me ensinará o que é felicidade.

Mas o tempo está passando,
E a porta não se abre.

E eu ainda estou chorando,
Mas você não percebe.

E eu ainda estou com frio,
Mas você não faz caso.

E eu continuo aqui, parado,
Mas você finge não ver.

Marcos Roberto Moreira

sábado, 2 de fevereiro de 2008

ESCRAVOS

Eu tenho um mundo ao meu redor

Mas os muros que me cercam,
Não me deixam ver a linha do horizonte,
Eu não consigo enxergar além dos montes,

Eu fui ensinado,
Que existem certas coisas,
Que eu não devo conhecer.

Há espinhos e meu corpo
Que me machucam toda vez
Que eu tento me mover.

Tenho brinquedos no baú

Mas as pessoas me disseram,
Que eu não posso mais brincar por que sou grande,
Que eu não posso nem chorar por que sou homem,

Eu fui ensinado,
Que existem certas coisas,
Que eu não posso mais fazer.

Há Algemas e meu pulso
Que por mais que eu me esforce,
Não consigo remover.

Escravidão.
Restrições.

Prendemos sentimentos
Dentro os nossos corações
Por um falso pudor,

Que nos dá medo de lutar pelo que amamos.
Que nos faz desistir dos nossos sonhos.
E que destrói tudo que realmente somos.

Tenho uma vida pela frente
Mas esse medo de viver,
Não me deixa mais ser como eu era,
Acabou a estação da primavera,
Os pássaros pararam de cantar.

Há espelhos em minha frente,
Mas não importa o quanto eu olhe,
Eu não consigo enxergar.

Escravidão.
Medo.

Guardamos nossos desejos
Todos em segredo,
Por um falso pudor,

Que não nos deixa admitir o que sentimos,
Que nos condena toda vez que refletimos,
E que nos mata, toda vez que desistimos.

Queria correr,
Mas prenderão meus pés.
Queria voar,
Mas cortaram minhas asas
No dia em que me disseram
Que aquilo que sonhava,
Nunca vai acontecer
Mas que eu vou sobreviver.

Mas me diga a verdade:
Se besteira é sonhar,
Que razão há pra viver?

Marcos Roberto Moreira

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

JOGOS DE GUERRA

A inocência acabou.
Da rosa, só restaram os espinhos.
Da amizade, o rancor.
Do amor, a magoa

Da esperança,
uma vaga lembrança,
Do que nunca veio a acontecer.

Por que sentir?
Pra que deixar que cheguem perto?
Quem é o verdadeiro inimigo?

Aqueles que me rodeiam, ou meu coração ferido,
Que nunca mais se viu aberto?

Atacar antes de ser atacado.
Nunca abaixar a guarda.
Não deixar que vejam o que sinto,
Pra que eu não seja motivo de piada.
Essas são as regras
As regras desse jogo macabro
Onde o importante não é competir,
E sim trapaciar, para não ser trapaciado

Não sou mais bobo.
Não vou mais sentir.
O que eu quero é brincar
Como brincam comigo

Sem ligar pros feridos,
Rir do choro dos outros,
E fazer da sua tristeza,
Um motivo de alegria pra mim.

Não quero te ver assim,
Não quero te ver feliz,
Pare de rir de mim!

Você tem de sofrer como eu sofro
E, se depender do meu esforço,
As coisas serão assim.

Quer brincar de guerra?
Então vamos ver
Quem atira primeiro.

Marcos Roberto Moreira

RISCOS

Feche os olhos
E deixe se guiar pelo ritmo

E se a música soar bem
Apenas aos seus ouvidos,
Lembre-se:

Às vezes o certo,
É justamente o duvidoso.

Então não pense,
Sinta!

Não sonhe,
Viva!

Não pare,
Prossiga!

Saboreí a vida
Sem disperdiçar um gota.

Viva cada instante
Não como se fosse o ultimo
Nem como se fosse o primeiro
Mas, como sendo "o unico".

Corra,
Sem olhar para trás.
Pule,
Sem olhar para baixo.

Que eu estarei do outro lado,
Com a mão estendida
Pra lhe socorrer.

Pode estar certa:
-Você só tem a ganhar
Pondo tudo a perder.

Marcos Roberto Moreira